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Catarina fez tradução do espanhol para português e ganhou concurso europeu

Jovens Tradutores leva aluna do ensino secundário de Rio Tinto a Bruxelas.

Foi "na desportiva" que Catarina Pinto se sentou, em Novembro, numa sala de aula da secundária de Rio Tinto, e traduziu um texto de espanhol para português. Nunca lhe passou pela cabeça que poderia ser a vencedora portuguesa do concurso Jovens Tradutores, promovido pela Comissão Europeia (CE) e que selecciona um vencedor em todos os 27 Estados-membros.

Ao todo, participaram três mil estudantes do ensino secundário de 750 escolas dos 27 países da União Europeia. Os vencedores, um por cada país, têm como prémio uma viagem a Bruxelas, Bélgica, em Abril, onde receberão o galardão das mãos da comissária europeia para a Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, Androulla Vassiliou. Durante a sua estadia, poderão ver como é o trabalho dos tradutores da CE. Aliás, foram estes profissionais os responsáveis pela elaboração dos textos traduzidos e pela escolha dos vencedores.

Durante três horas, os concorrentes traduziram um texto de uma página numa combinação linguística à sua escolha. Catarina Pinto optou por traduzir do espanhol – uma língua que "adora" – para português – "porque é a minha língua", diz, com orgulho. "Tenho um gosto especial pelo espanhol, uma língua que aprendo há seis anos, fora da escola", conta ao PÚBLICO.

O trabalho de tradução é feito como se de um exame se tratasse: em simultâneo, e por toda a Europa, os alunos estão numa sala, sob vigilância de um professor, recebem o texto e podem consultar os dicionários disponibilizados pela escola para fazer a tradução. "Não pensei que pudesse ganhar, nem sabia qual era o prémio", confessa Catarina Pinto. Os textos eram sobre solidariedade intergeracional, o tema do Ano Europeu de 2012, e foram preparados pelos tradutores da CE, de modo a que tivessem a mesma dificuldade linguística para todas as línguas. "Era o email de uma avó que contava ao neto que estava a aprender informática e como era o seu dia-a-dia", especifica a aluna de Rio Tinto.

"Concorremos e nunca esperámos que uma aluna nossa ganhasse", confessa Rosa Teixeira, professora de Inglês da estudante vencedora. A Escola Secundária de Rio Tinto aposta na tradução, apesar de a disciplina de Técnicas de Tradução ter desaparecido dos currículos. Existe um concurso a nível de escola para os alunos do básico (7.º, 8.º e 9.º anos) e secundário (10.º, 11.º e 12.º anos). Os estudantes podem ainda participar no concurso nacional Traduzir, promovido pela Universidade Católica Portuguesa – Catarina Pinto também concorreu esta segunda-feira; e no internacional Jovens Tradutores, da CE. A escola faz ainda um livro com os trabalhos escritos em Inglês dos seus alunos, chama-seOpen the Window, conta a professora. "E temos três selos internacionais no âmbito das boas práticas no ensino das línguas", acrescenta, orgulhosa.

No ensino secundário, muitos dos alunos que participam nos vários concursos da escola não são de humanidades. É o caso de Catarina Pinto, de 17 anos, aluna do 12.º ano de Ciências, diz ainda Rosa Teixeira.

Com este concurso, a CE pretende promover o trabalho dos tradutores e, em comunicado, informa que muitos dos vencedores acabam por fazer essa escolha profissional. "O concurso é uma excelente forma de encorajar a aprendizagem das línguas e a tradução como possível carreira. O conhecimento de línguas estrangeiras é um trunfo formidável: proporciona uma maior abertura de espírito e pode contribuir para a empregabilidade, algo particularmente importante no actual contexto económico", considera a comissária europeia Androulla Vassiliou.

 

Publicado em 2013-01-28, Bárbara Wong, Público